Episódio

Ah, a idealização dos encontros…Um perigo ou uma necessidade. E por que não uma escolha? Para florear o texto ou a vida mesmo, conheci amores o suficiente para afirmar que alguns deles eu inventei. É lógico que conheci o brilho à primeira vista, também senti as pernas tremerem por um desconhecido, mas também escolhi olhar atenciosamente na segunda vez. Escolhi perceber que aquela realidade cabia na minha, que aquele beijo torto poderia considerar o tempo, a situação ou até conjuntura política de países que nunca estive! Ou até ser trabalhado.

E não foi única a vez que aconteceu. A conversa era boa demais para a fraterna amizade. As trocas de referências literárias e cinematográficas eram por demais de sensuais. E não necessariamente teve final. Ou mesmo começo. Desilusão me parece destino da escolha inconsciente, e não foi o que rolou. Com o tempo, consegui perceber o momento em que escolhi mergulhar nas relações e até quando dei um passo para trás, evaporando. Bem deu certo no tempo que tinha que dar. Esquentou o coração quando foi preciso esquentar. E nem por isso foi maior ou menor, mais ou menos legítimo. Foi o necessário para merecer a lembrança e o suspiro quando a música toca.

Como um filme que não passou
Apelido que não pegou
A mentira que não colou, dissolveu
Simples promessa banal
Talvez nem aconteceu
É normal
Conto que não mereceu um final

O vestido que se manchou
Fantasia que não vendeu
Paraíso que se perdeu
E apesar de estar suspenso no ar
Ficou sem ponto final
Existiu, algo que até conseguiu
O não ser

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